Engenharia de Alimentos - a profissão do futuro?

O potencial da Engenharia de Alimentos em um futuro ético e sustentável


Embora a Engenharia de Alimentos contribua diretamente para suprir a demanda mundial de alimentos, a profissão não é devidamente valorizada – desde a remuneração baixa até a competição com outras profissões, como a Medicina Veterinária, a Engenharia Química e a Biotecnologia. No entanto, em um mercado cada vez mais consciente sobre as implicações das nossas escolhas alimentares, temos a oportunidade de ascender como a profissão do futuro. A produção de alimentos de origem animal é insustentável em todos os níveis – ambiental, ético e social. Ao invés de insistirmos em um sistema de produção obsoleto, violento e ineficiente, que saibamos aproveitar esta oportunidade profissional gigantesca: a da transição para um mundo plant-based



As consequências da produção de alimentos de origem animal incluem exploração animal, desmatamento, condições trabalhistas abusivas, emissões gasosas, poluição de solos e corpos hídricos, perda de biodiversidade, impacto à vida marinha, uso recorde de pesticidas e fertilizantes em monoculturas utilizadas para alimentar animais "de produção", competição desleal entre produtores rurais e grandes lobbies da carne e do leite, demanda energética para tratar termicamente ou refrigerar produtos de origem animal, e por aí vai.


Convido os meus colegas engenheiros de alimentos a  desenvolverem produtos a base de matérias-primas vegetais, em sistemas de baixo impacto ambiental, que valorizam as populações locais e respeitam os outros seres sencientes. O Brasil é um dos poucos países do mundo a oferecer cursos de qualidade em Engenharia de Alimentos. Na Europa, vemos cursos profissionalizantes de curta duração em ciência e tecnologia de alimentos, mas nada comparado à riqueza de conhecimentos da Engenharia de Alimentos, que envolve uma base forte em engenharia e eficiência de processo. Façamos bom uso deste diferencial.


Deixemos também de nos comportarmos como uma eterna colônia, fornecendo matéria-prima e produtos baratos para o exterior (a exemplo da carne e grãos de monocultura) em detrimento dos nossos próprios ecossistemas e do nosso povo, em especial os povos indígenas. Ao acompanhar as inovações tecnológicas e a crescente conscientização do mercado consumidor, estaremos trabalhando para promover o nosso país e a nossa profissão. Conto com vocês! 

Texto por Dra. Camila Perussello, PhD em Engenharia de Alimentos.


Comentários

  1. Sou vegetariana e estudante do 1° período de engenharia de alimentos. Quando decidi o curso eu ainda consumia produtos de origem animal e tinha outras visões em relação ao curso. Agora, com 1 mês eu sendo vegetariana estou buscando novas perspectivas do curso em prol do veganismo. Estava muito perdida, pensei em sair do curso porque de forma alguma quero contribuir com a exploração animal e com todos os problemas consequentes disso. Decidi que poderia fazer a diferença e resolvi permanecer no curso. Pesquisando sobre a relação do curso com o veganismo eu te encontrei pelo canal do youtube "Vegflix" e olha você não tem noção do quanto me deixou feliz e ainda mais segura que estou no lugar certo, que posso SIM fazer a diferença. OBRIGADA!!!!!

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