O impacto ambiental do desperdício de alimentos
Por que e como reduzir o desperdício alimentar 🍏
Cerca de um terço de todo o alimento produzido
no planeta (assustadoras 1,3 bilhões de toneladas) nunca é consumido, grande
parte por desperdício em casa. Imensas quantidades de água, terra,
matéria-prima e energia (além de trabalho humano) são utilizadas para produzir
e transportar alimentos, desde o cultivo até o consumidor.
Globalmente, a
produção de alimentos é responsável por cerca de 32% da acidificação e 78% da
eutrofização do solo. Além disso, contribui com 26% das emissões gasosas
antropogênicas totais, gerando um total de quase 14 bilhões de toneladas anuais
de CO2 equivalentes. Se considerarmos as
emissões totais não relacionadas a gás carbônico (por exemplo, metano,
cujo impacto ambiental é maior do que o do gás carbônico), o cálculo sobe para 56%.
A propósito, cientistas estimam que até 87% das emissões gasosas são associados
à agropecuária, aquicultura e pesca (carne, leite, peixe e ovos) - um motivo inquestionável para cortarmos
o consumo de produtos de origem animal.
Algumas consequências ambientais da produção de
alimentos são o aquecimento do planeta e a alteração da composição dos
ecossistemas, os quais reduzem a biodiversidade e a resiliência ecológica. Portanto,
alimentos que vão para o lixo significam desperdício de fontes naturais e
emissões gasosas desnecessárias, além de perda de trabalho humano e desperdício
do seu dinheiro.
Fome versus obesidade
Ao mesmo tempo em que o Brasil desperdiça 41 milhões de toneladas de alimentos por ano, existem mais de 7,2 milhões de pessoas passando fome no país. Aliado ao problema do desperdício (jogar comida boa fora), está o problema do excesso de alimentação, com consequente ganho de peso e implicações para a saúde.
Ao mesmo tempo em que o Brasil desperdiça 41 milhões de toneladas de alimentos por ano, existem mais de 7,2 milhões de pessoas passando fome no país. Aliado ao problema do desperdício (jogar comida boa fora), está o problema do excesso de alimentação, com consequente ganho de peso e implicações para a saúde.
A produção excedente de alimentos cresceu de 310 para 510 kcal/pessoa/dia nos últimos 50 anos. As emissões gasosas relacionadas a tal excedente aumentaram em mais de 300% neste período. Enquanto isso, a obesidade atinge quase 20% da população brasileira e o sobrepeso aumentou em quase 30% de 2007 a 2017.
O consumidor brasileiro também não costuma
comprar vegetais “feios”, de formato ou cor não convencionais. Isso resulta no
descarte destes alimentos pelo vendedor e pelo produtor, e ainda contribui para elevar o preço destes artigos.
E o que você pode fazer para ajudar?
1. Planeje as suas compras de mercado. Não
compre mais do que precisa e prefira alimentos frescos, locais e de origem
vegetal. 📋
2. Faça mercado com mais frequência, evitando o
estoque de alimentos que acabam deteriorando. 🍅
3. Compre legumes "feios", de tamanho
e formato não considerados “perfeitos”, desde que estejam frescos. 👀
4. Reaproveite as sobras de comidas do dia
anterior. ♻
5. Aproveite partes não convencionais dos
alimentos (cascas, talos, folhas, etc.). 🌿
6. Guarde comida na geladeira em potes
transparentes. Assim você não corre o risco de esquecer do alimento e deixá-lo
apodrecer. 🍰
7. Congele alimentos quando perceber que não
vai conseguir utilizá-los logo. 🌽
8. Faça suco ou sopa caso tenha comprado mais
frutas ou legumes do que deveria. 🍵
9. Ajude quem passa fome. Se tem algum alimento
sobrando e que esteja apropriado para o consumo, passe adiante para alguém que
não tem o que comer. ❤
10. Reduza a quantidade de lixo orgânico. Faça
compostagem caseira e utilize o húmus resultante em seu jardim. 🌱
11. Verifique a validade dos produtos. Na hora
de cozinhar, dê preferência aos alimentos que estão próximos do vencimento. ⚠
12. Cuidado com promoções, não compre
embalagens enormes só porque está em conta. Pense se você realmente vai usar. 👎
Resumindo: consuma de modo consciente! Além de
contribuir para a redução das consequências ambientais e sociais do desperdício
alimentar, você economiza dinheiro e ganha saúde!
Texto por Dra. Camila Perussello, PhD em Engenharia de Alimentos.
📘 Fontes:
- Poore J. & Nemecek T. (2018). Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers. Science, 360(6392). https://science.sciencemag.org/content/360/6392/987.
- FAO (Food and Agriculture Organization) (2011). Food Loss and Food Waste. http://www.fao.org/food-loss-and-food-waste/en/.
- Rao, S. (2020). Animal agriculture is the leading cause of climate change - A white paper. https://www.climatehealers.org/animal-agriculture-white-paper.
- Hiç C. et al. (2016). Food surplus and its climate burdens. Environmental Science and Technology, 50(8). https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.est.5b05088.
- Agência Brasil (2018). Obesidade atinge quase 20% da população brasileira. http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2018-06/obesidade-atinge-quase-um-em-cada-cinco-brasileiros-mostra-pesquisa.
- Agência Brasil (2016). Brasil desperdiça 41 mil toneladas de alimento por ano. http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-06/brasil-desperdica-40-mil-toneladas-de-alimento-por-dia-diz-entidade.
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